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“Motorista, por favor, pare no próximo ponto que alguns vereadores vão desembarcar!”
O debate público precisa de crítica, sim. Mas crítica responsável, não pirotecnia.
Por Ferreira Filho
Publicado em 15/10/2025 04:47
COLUNA

A ironia do título resume com perfeição o episódio envolvendo a implantação dos ônibus elétricos em Aracaju. A prefeita Emília Correia colocou à disposição da população um projeto moderno, sustentável e alinhado às principais capitais do mundo. No entanto, antes mesmo que a proposta pudesse ser avaliada com maturidade, instalou-se na cidade um tribunal improvisado — composto por microfones apressados e palanques itinerantes.

Alguns programas de rádio trataram o tema com mais emoção que informação, enquanto um grupo de vereadores, liderado por Elber Batalha, preferiu judicializar antes de compreender. A opção foi pela desconfiança automática, como se toda inovação fosse suspeita até prova em contrário. Resultado? A prefeitura, em um gesto de responsabilidade institucional, suspendeu temporariamente a circulação dos veículos até que a Justiça se pronunciasse.

 

E ela se pronunciou.

 

No último dia 12, a 3ª Vara Cível de Aracaju reconheceu a plena legalidade do contrato firmado com a empresa TEVX Motors Group Ltda, responsável pela aquisição de 15 ônibus elétricos e sete carregadores de alta potência. Não houve irregularidade. Não houve vício no processo. Houve precipitação — e não por parte da gestão municipal.

 

A Justiça manteve o contrato válido e o processo seguirá para análise do mérito, agora com a participação do Ministério Público. Ou seja: nada foi feito às pressas, nada foi escondido, nada foi ilegal. O que houve, sim, foi um julgamento apressado — desses que ecoam rápido nos rádios e redes sociais, mas não resistem ao silêncio dos autos.

 

Se havia dúvida, agora há sentença. E se havia boa-fé na contestação, é hora de demonstrá-la com dignidade: reconhecendo o equívoco e desembarcando no próximo ponto.

 

Porque enquanto alguns insistem em travar a marcha do progresso por birra política ou protagonismo de ocasião, a população de Aracaju, em sua esmagadora maioria, quer seguir viagem — de preferência num ônibus elétrico, silencioso e eficiente.

 

O debate público precisa de crítica, sim. Mas crítica responsável, não pirotecnia. Novos tempos exigem menos teatralidade e mais coerência. E coerência, neste momento, é saber a hora de descer.



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