Maior feirinha criativa de Sergipe tem equipe de produção cem por cento feminina
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Publicado em 08/03/2022

Em Aracaju, atualmente, um dos eventos que mais movimenta o cenário do empreendedorismo local é a Feirinha da Gambiarra. Por trás de todo o sucesso desse projeto, que completa 10 anos em 2022, está uma equipe de mulheres que, muito antes do dia do evento, já começam a dar vida às edições, em um trabalho coletivo e cheio de planejamento.

Com uma equipe de produção 100% feminina, a Feirinha da Gambiarra, antes de ganhar vida e ocupar os espaços públicos da capital sergipana, passa por um planejamento detalhado. De uma edição para a outra, são feitos ajustes, alinhando processos, organizando equipes, selecionando expositores e uma série de outras demandas que fazem parte dos bastidores do evento.

Dentro de toda essa dinâmica está a arquiteta e urbanista Isabele Ribeiro, idealizadora do projeto. Tendo como função primária entender a atuação do evento no cenário da cidade, a arquiteta conta que todo o calendário anual é pensado junto com outras ações do Grupo Gambiarra, buscando estabelecer uma programação que dá vez a todos as pessoas, trazendo para o palco mulheres negras, por exemplo, uma equipe de produção 100% feminina, abertura para trazer o olhar do público para comunidade LGBTQI+, dentre outros pontos.“Tenho muito orgulho do que a gente conseguiu construir até hoje e continua construindo. Ao mesmo tempo, não tenho dúvida do tamanho da minha missão enquanto negócio que movimenta a vida do pequeno empreendedor sergipano, um negócio que é privado, mas que tem uma veia social forte, comprometida com a vida de outras pessoas que atuam na área criativa.

Conseguimos enxergar, ao longo dessa caminhada, o perfil desse pequeno empreendedor, suas necessidades, suas dores e estamos atuando ativamente, nesses 10 anos, na resolução e evolução dessas problemáticas”, relata Isabele.De acordo com a arquiteta,  a grande maioria dos expositores que compõem a Feirinha da Gambiarra é mulher, assim como as participantes da loja colaborativa. Ela explica que a grande maioria delas empreende por necessidade e tem o tempo de vida curto das suas marcas por não estar preparada para enfrentar os desafios do mercado. Por isso, esse ano, a Gambiarra vai investir em profissionalização para as empreendedoras.

“Essa é uma dor na qual a Gambiarra começa a atuar nesse ano de 2022, com um programa de profissionalização para mulheres empreendedoras de forma mais profunda, já tendo atuado de forma inicial durante a pandemia, com uma mentoria gratuita para 11 mulheres empreendedoras que tiveram aulas e acompanhamento para fortalecer seus negócios, fazer networking e estudar sobre as principais frente do universo empreendedor: contabilidade, jurídico, financeiro, marketing”, detalha a idealizadora da Feirinha.A também arquiteta e urbanista Julliana Samara, coordenadora de estrutura da Feirinha, já fazia parte do evento mesmo antes de entrar para o time, quando ainda compunha apenas o público. No entanto, em 2014, se juntou a Isabele no processo de produção, onde cumpriam diversas funções como, por exemplo, organização da montagem das barraquinhas, contato com os expositores, construção da identidade visual da edição e muito mais.

“Hoje, sou a coordenadora de estrutura da Feirinha. Então, faço o projeto alinhando com Isabele. Vamos in loco para conferir a questão estrutural do espaço, pois usamos o espaço público. Buscamos valorizar o que os espaços públicos da cidade nos oferecem tirando partido do que já existe. Já passamos por mais de cinco espaços diferentes da cidade, entre ruas, praças e parques, fazendo com que o público desperte o olhar para sua cidade, gerando a sensação de pertencimento”, detalha a coordenadora de estrutura.Algo ressaltado por Julliana é o “empreendedorismo de alma” do evento. Ela diz que, o crescimento coletivo obtido, com potencial e valor, não para por aí. A ideia é avançar os patamares e chegar em outros espaços públicos também. 

“Quanto maior a feirinha, maior a participação de expositores e de movimentação da economia em nosso estado. Ver as pessoas curtirem a Feirinha é o que nos motiva a fazer mais e mais. Construímos tudo com muita luta, não tem como não amar o chegar até aqui. Eu como mulher me sinto valorizada. É uma conquista imensurável e extremamente desafiadora. Para se ter uma ideia, eu lidero uma equipe de 30 homens. Isso é bastante significativo diante da luta de nós mulheres no mercado de trabalho”, pontua Julliana Samara.

No que diz respeito à visão das expositoras, o cenário empreendedor para o público feminino,  criado pela Gambiarra, tem sido bastante promissor, como destaca a expositora Monik Soares, que atualmente possui uma loja de artigos decorativos para casa.

 

“Para mim, o empreendedorismo feminino é a grande conquista da mulher no seu mercado de trabalho. Demonstrando poder, empoderamento e influenciando outras mulheres a serem o que quiserem ser. Mostra que podemos sim conquistar lugares maiores e podemos estar onde queremos estar”, conclui a expositora da Feirinha.

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