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A hora da verdade digital: redes sociais enfrentam a crise mais profunda de credibilidade no Brasil
Por Osvaldo Santos
Por Ferreira Filho
Publicado em 01/10/2025 07:27
Tecnologia

O brasileiro já não acredita nas redes sociais — e os números não deixam margem para dúvida. Segundo levantamento Mundo Conectado/Genial/Quaest realizado em agosto de 2025, 57% da população declara não confiar nas plataformas digitais, contra apenas 41% que ainda lhes dão algum crédito. No ranking de instituições mais confiáveis, as redes aparecem no penúltimo lugar — atrás apenas dos partidos políticos. Uma derrocada simbólica para empresas que, há poucos anos, eram vistas como espaço de liberdade e expressão popular.

O fenômeno é nacional e democrático: atinge todas as regiões e todas as idades. No Sudeste, a desconfiança chega a 60%; entre jovens de 16 a 34 anos, 57%. Nem mesmo os mais conectados defendem mais as redes. A frustração coletiva se explica por um inimigo comum: a desinformação. Para 63% dos entrevistados, a disseminação de fake news deteriorou definitivamente a imagem das plataformas.

A percepção negativa já havia sido captada em outras pesquisas. Em 2024, a iStock identificou que 82% dos usuários não confiam completamente no conteúdo que consomem online. Ou seja, o brasileiro não acredita no feed que ele mesmo passa horas rolando.

E, ainda assim, há uma contradição fascinante: 78% dos consumidores confiam em recomendações de influenciadores digitais — segundo a EY-Parthenon. O problema, portanto, não está no formato, mas na credibilidade de quem fala. A confiança não morreu — ela apenas se tornou seletiva.

O que vemos, na prática, é a transformação das redes sociais em um campo de prova moral. O usuário não quer mais apenas entretenimento; quer rastreabilidade, coerência e responsabilidade. A maioria esmagadora — 96% — defende punições para quem compartilha fake news, o que revela uma expectativa clara: os brasileiros exigem que as plataformas deixem de ser apenas vitrines e assumam responsabilidade institucional.

Se há crise, há também oportunidade. Marcas e influenciadores que entenderem o novo espírito do tempo — menos espetáculo, mais transparência — sairão na frente. A era da performance está dando lugar à era da autenticidade.

As redes sociais chegaram à maior encruzilhada de sua história no Brasil: ou amadurecem e se tornam espaços confiáveis — ou entrarão no mesmo limbo reputacional dos partidos políticos. O recado das ruas digitais é direto e inequívoco: não basta mais viralizar — é preciso merecer ser ouvido.

Foto: Imagem ilustrativa.

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