Proximidade da estação aumenta preocupação para arboviroses e quadros de desidratação
Com a chegada do verão, a preocupação com as doenças transmitidas por mosquitos, como dengue, chikungunya e zika, se intensifica. Condições climáticas favoráveis, como temperaturas elevadas e chuvas frequentes, proporcionam um ambiente mais favorável à proliferação dos mosquitos transmissores dessas doenças, assim como para quadros de desidratação ocasionados pelas altas temperaturas. De olho neste cenário, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), intensifica os esforços e as medidas de prevenção para diminuir a transmissão dessas doenças.
A fim de reduzir os casos e prevenir surtos, o diretor de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde, o infectologista Marco Aurélio Góes, aponta os aspectos importantes que devem ser observados na estação, a exemplo das altas temperaturas, acúmulo de água por conta de chuvas, além da aglomeração de pessoas, em decorrência do período de férias.
“Temos nessa estação a incidência de altas temperaturas, mas, além de ser quente, de vez em quando, temos chuvas mais torrenciais que acabam causando algumas enchentes e, com isso, a possibilidade de acúmulo de água parada. Além disso, há o aspecto férias. Portanto, é um período de festas, aglomeração, que temos dois pontos importantes a serem considerados: a questão da temperatura e a férias, que trazem, também, a possibilidade de transmissão de doenças”, pontuou.
Arboviroses
Nesse período do ano, a população deve redobrar os cuidados com relação às arboviroses, doenças causadas por vírus transmitidos, principalmente por mosquitos. “A SES tem trabalhado muito nessa questão em relação às arboviroses porque a gente sabe que com as altas temperaturas, com um pouquinho de chuva que caia, o cenário é muito propício à proliferação do Aedes aegypti, do mosquito das arboviroses. Então, nessa época há grande preocupação com a dengue, mas, além da dengue, tem todas as doenças causadas pelo Aedes, como a chikungunya e o zika vírus. O que preocupa na dengue e, também, na chikungunya é que muitas vezes quadros são inespecíficos, são leves e a as pessoas acabam não procurando o serviço de saúde para serem avaliadas”, expôs Marco Aurélio.
Em 2023 foram contabilizados em Sergipe, até o momento, 10.556 casos de dengue; 4.567 casos de chikungunya e 1.545 de zika. Na oportunidade, o diretor ressalta a importância das pessoas reconhecerem os sintomas e buscar atendimento médico aos primeiros sintomas dessas enfermidades.
“A dengue é uma doença que na maior parte dos casos tem muitos sintomas, a exemplo de dor no corpo, febre alta e mal-estar. Boa parte das pessoas vai se recuperar por volta de sete dias, mas tem uma parcela da população que pode ter formas graves, que podem levar até o óbito. Por isso que a população tem que estar ciente de que alguns sinais podem indicar o agravamento dela. Aqui no estado há uma série de exames que realizamos no Laboratório Central de Saúde Pública de Sergipe (Lacen), onde se colhe o exame para dengue, tanto na fase inicial como também na final, em que aponta a presença de anticorpos. Isso serve para dengue, chikungunya e zika vírus também”, informou, ao alertar a população para sinais de sintomas mais severos, como dor abdominal persistente, vômitos, náuseas e sangramentos espontâneos.
Os sintomas envolvendo dengue, zika e chikungunya são comuns entre si, como febre e dor de cabeça. Mas, caso apresente outros sintomas mais específicos, a pessoa deve procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência. Marco Aurélio destaca a necessidade de atenção à saúde, salientando que a identificação precoce dos sintomas e o acompanhamento médico adequado são cruciais para a recuperação.
“É um período que, além de tudo isso, muita gente está de férias. Vivemos num estado que temos muitas praias, atividades externas e tudo isso leva ao consumo de bebida alcoólica, à exposição ao sol, o que acaba também desidratando e aumentando esse risco de ter complicações. Muitas vezes as pessoas estão de férias e não querem procurar o serviço de saúde porque querem aproveitar esse período com a família e amigos, para se divertir. Então a gente tem trabalhado muito essa questão de trazer esse alerta do aumento de transmissão de doenças com medidas simples”, colocou.
De acordo Marco Aurélio, a colaboração da população sobre os cuidados necessários para o combate às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti é fundamental. “Nesse período temos muitas festas e as pessoas acabam produzindo muito lixo, recipientes descartados de forma inadequada nos ambientes e pequenos copinhos, tampas de garrafas. Tudo isso pode ser suficiente para proliferação do mosquito. Então, qualquer acúmulo de água pode contribuir para a geração do mosquito e, com isso,a transmissão”, alertou.
Hidratação
Outro cuidado importante nesse período é com relação à desidratação. Segundo Marco Aurélio Góes, no verão, com as temperaturas mais altas, grupos prioritários e idosos devem redobrar a atenção. “As crianças às vezes não ingerem água com tanta frequência, só realmente quando estão com muita sede, e na criança, principalmente a menor, qualquer distúrbio alimentar, qualquer diarreia, pode levar a uma desidratação e a um agravamento por conta da falta de uma coisa muito simples que é a hidratação. Além disso, temos os idosos que já costumam não ter muita sede e evitam a ingestão de água e desidratam com mais facilidade e essas altas temperaturas podem levar a ter complicações”, esclareceu.
Covid-19
Além disso, outra doença que já se tornou endêmica e requer atenção nesta época do ano é a Covid-19. Por isso, há a necessidade da vacinação contra a doença, especialmente para os grupos mais vulneráveis. A imunização não apenas resguarda contra a infecção pelo vírus, mas também desempenha um papel fundamental na mitigação de impactos durante essa estação.
“O vírus está presente no nosso ambiente e de vez em quando, quando há certa aglomeração, há um aumento de número de casos. Para essa questão da Covid-19 e das outras doenças que são transmitidas pelo contato próximo temos recomendado muito àqueles grupos que estão no momento de se vacinar que se vacinem, para se proteger das formas graves. Além disso, se a pessoa está com sintomas respiratórios ou com Covid-19, evite aglomeração, use máscara, lave mais as mãos ou use álcool em gel, e continue os cuidados que a aprendeu na época da emergência da saúde pública”, disse o infectologista.
Leptospirose
Com a chegada do verão, o Brasil enfrenta não apenas o aumento de doenças transmitidas por mosquitos, mas também a preocupação com enfermidades associadas às chuvas intensas e enchentes, como a leptospirose. “A leptospirose é uma doença bacteriana, que vem do contato da pele do homem com uma água contaminada com a urina do rato. Quando tem essas chuvas que rapidamente alagam um campinho de futebol e aí a garotada vai brincar, esse contato às vezes pode levar à leptospirose. Além de tudo, há o risco aos trabalhadores que vão fazer a limpeza de um quintal, de uma enchente e podem também se contaminar. Nesse sentido, a população precisa estar alerta para isso também”, destacou Marco Aurélio.
DSTs
O diretor de Vigilância em Saúde ainda alerta para as doenças sexualmente transmissíveis nesta época do ano. “Lembrar que nesses períodos de verão e de férias há muitas festas, que também propiciam conhecer mais pessoas e ter relações sexuais. Desta maneira, é importante que as pessoas se previnam contra as contra as infecções sexualmente transmissíveis e o vírus da imunodeficiência humana (HIV). E, para isso, existem preservativos internos e externos, que são distribuídos gratuitamente, mas também estão disponíveis na farmácia também, além de medicamentos que podem ser utilizados para evitar infecção dessas doenças”, concluiu.