Sergipe centraliza discussões sobre gestão dos recursos hídricos durante simpósio brasileiro
Saúde
Publicado em 20/11/2023

Programação reúne mais de três pessoas e conta com conferências, palestras, minicursos, premiações, lançamentos de livros e exposições

Sergipe sedia, desde o domingo, 19, o XXV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos. Maior evento na área de gestão de recursos hídricos do Brasil e um dos maiores do planeta, o simpósio, que segue até o dia 24 de novembro, no Centro de Convenções AM Malls Sergipe, e conta com a participação de mais de três mil pessoas e o envolvimento de mais de 14 mil pessoas em atividades externas, é promovido pela Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRHidro). O Governo de Sergipe é correalizador do evento, que conta com apoio de entidades parceiras.

Com  o tema  ‘Água e sociedade: resiliência, inovação e participação’, o  evento centraliza as discussões científicas a serem disseminadas entre os diversos atores na busca de alternativas sustentáveis que possam auxiliar no desenvolvimento de políticas socioambientais e na gestão de recursos hídricos, oportunizando o diálogo entre ciência, tecnologia, setores produtivos e comunidade, reunindo os mais diversos segmentos, como autoridades, pesquisadores, professores, estudantes, técnicos, profissionais liberais, empresários, fabricantes e comerciantes de equipamentos, usuários, gestores e tomadores de decisão.

Além de conferências, mesas-redondas, minicursos, apresentações de trabalhos, lançamento de livros e exposição, o XXV SBRH conta com a participação das secretarias e órgãos do Governo de Sergipe com estandes e atividades que estão sendo realizadas durante todos os dias do simpósio, no pavilhão de exposições do Centro de Convenções. Por meio das secretarias do Meio Ambiente (Semac), de Estado da Assistência Social (Seasc), da Saúde (SES), do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec), da Agricultura (Seagri), e do Esporte e Lazer (Seel), assim como a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de Sergipe (Agrese) e Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), o governo estadual viabiliza o diálogo entre ciência, tecnologia, setores produtivos e comunidade, por intermédio dos mais diversos segmentos. 

De acordo com a secretária de Estado do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Ações Climáticas, Deborah Dias, o simpósio é de suma importância para discutir os desafios e propor soluções relacionadas à gestão dos recursos hídricos, incluindo questões como preservação, uso sustentável e políticas de enfrentamento à escassez de água. “O Governo de Sergipe participa ativamente também através do estande montado na área da Expohidro. A divulgação das ações sustentáveis do estado é crucial para aumentar a conscientização pública sobre questões ambientais,  e isso também demonstra o comprometimento do governo de Sergipe com a responsabilidade ambiental”, pontuou.  

A Deso está presente também com uma unidade móvel com informações sobre ações ligadas à temática da água. Para o presidente da companhia, Luciano Goes, o evento é uma oportunidade para trocar ideias e conhecimento e poder melhorar ainda mais o serviço da companhia. “É um momento para discutir as temáticas dos recursos hídricos e para nós, enquanto companhia, procurar melhorias para trazer uma garantia hídrica para abastecer ainda melhor a sociedade sergipana”, frisou.    

O Instituto Tecnológico e de Pesquisas do Estado de Sergipe (ITPS) conta com a exposição de sondas, equipamentos fundamentais para a conclusão dos dados no monitoramento dos mananciais do estado. O espaço dedicado ao ITPS é um ponto de encontro para os participantes do simpósio, proporcionando uma oportunidade de diálogo sobre os serviços, projetos e pesquisas desenvolvidos pelo instituto, especialmente aqueles direcionados à análise e controle da qualidade da água. 

Já a Fapitec/SE participa do evento apresentando projetos desenvolvidos por meio dos editais lançados pela fundação, que envolvem a temática dos recursos hídricos. Os projetos apresentados são sobre avaliação temporal da qualidade da água do açude da Marcela; prospecção de Novos Distritos Industriais no estado de Sergipe a partir de um planejamento estratégico – Avaliação de Recursos Hídricos para utilização no setor industrial; monitoramento de compostos orgânicos nas águas dos mananciais superficiais do estado de Sergipe; análise interdisciplinar e ação protagonista dos estudantes do Centro de Excelência Santos Dumont em regiões da Bacia hidrográfica do Rio Sergipe.

Trabalhos

Nesta segunda-feira, 20, o doutorando Rui Gabriel Modesto de Souza, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apresentou o trabalho sobre o uso de redes neurais artificiais para previsão do golpe de Aríete. Segundo ele, o trabalho consistiu em prever a pressão máxima e mínima em uma tubulação usada no abastecimento de água.

Segundo o pesquisador, o encontro é importante para a troca de experiências e até mesmo ouvir a opinião de outros pesquisadores da mesma área que possam contribuir com os trabalhos vigentes. “No meu trabalho eu procurei, por exemplo, definir a classe de material mais adequada para resistir à pressão e dimensionar alguns dispositivos de proteção que sejam usados na tubulação para que não venham a colapsar ou romper, e também para garantir o fornecimento contínuo da água. Sabemos que de vez em quando há rodízios no sistema de abastecimento de água e muitas vezes por conta de um rompimento de uma tubulação. Então a ideia do trabalho é tentar minimizar, fazer uma gestão desses riscos para ter uma operação eficiente e não prejudicar a população”, explicou.

Já o doutorando e pesquisador Gabriel Anzolin, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), apresentou o trabalho ‘Análise das mudanças de pequenas e grandes cheias no Brasil’. De acordo com ele, o objetivo da sua explanação foi analisar como os padrões temporais e espaciais de eventos extremos vêm mudando ao longo dos anos em todo o Brasil. “A gente vem observando que existem muitos eventos hidrológicos extremos e que eles estão ficando mais severos e também acontecendo com mais frequência. Desta maneira, o meu trabalho é justamente nessa frente, para tentar pegar vários dados do passado e do presente e entender como era no passado e como está agora. Com certeza, isso pode ser muito útil para gestores e tomadores de decisão, para, por exemplo, melhorar a construção de estruturas hidráulicas de prevenção de desastres e nesse sentido, sim, melhorar a segurança, a resiliência da sociedade como um todo”, exemplificou. 

Importância

O doutorando na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) Arthur Colin veio a Sergipe com um grupo de 25 pessoas do seu estado. Para ele, o evento se torna fundamental para a gestão integrada de bacias hidrográficas, assim como a promoção da segurança hídrica e a adoção de práticas sustentáveis. “É o evento chave para as discussões da gestão e planejamento, principalmente nessa fase que o Brasil vai enfrentando, onde os eventos extremos têm assolado a população e a sociedade em geral. Acreditamos que a partir de discussões como essas que a gente consegue chegar a medidas que venham prevenir e remediar os impactos desses eventos extremos. A partir daqui serão levadas decisões para âmbitos maiores e que abarquem as decisões que garantam esse melhoramento da gestão e planejamento”, indicou.

Primeira vez participando de um evento sobre recursos hídricos, a mestranda Vitória Graciano, do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, destacou a importância que o espaço proporciona para troca de conhecimentos, contribuindo para fomentar o desenvolvimento e aprimoramento de políticas públicas voltadas à gestão hídrica. “Para a minha pesquisa eu entendo que é muito importante, até para que eu conheça mais pessoas e possa formar uma rede voltada à proteção dos nossos recursos hídricos”, disse a pesquisadora que irá apresentar na quarta-feira, 22, o trabalho abordando a sistemática sobre modelagem hidrológica e hidrodinâmica.

Sergipe

O professor do Instituto Federal de Sergipe Luciano de Mello falou sobre a importância de o estado de Sergipe centralizar, com o simpósio, as discussões sobre o tema. “Para Sergipe significa muito, porque a gente passa a estar inserido nas discussões maiores, nas temáticas maiores, para além do estado de Sergipe e Brasil. Essa discussão é de suma importância e traz eixos ligados a vários segmentos. Para a civilização é necessário que haja o recurso hídrico e para que haja alimento para essa civilização é necessário que haja recurso hídrico. Sendo assim, para que haja industrialização nessa civilização é necessário que haja recurso hídrico. Com isso, é essencial a presença, a preservação e o entendimento científico do comportamento dos recursos hídricos no planeta”, ressaltou.  

Programação

Nesta segunda, 20, a programação contou com a abertura da exposição, apresentação da companhia de dança do Conselho das Pessoas com Deficiência, exposição de produtos da Associação Sergipana de Apicultores (ASA) e Programa Mão Amiga.

A programação do evento conta ainda com a ExpoHidro, uma exposição de soluções e inovações do setor, e um olhar para o futuro com a entrega dos prêmios ‘Mulheres na gestão das águas’, com objetivo de reconhecer a atuação de mulheres dentro do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), para o fortalecimento e avanços da Política Nacional de Recursos Hídricos; ‘Prêmio Flávio Terra Barth’, que visa reconhecer a atuação de pessoas ou instituições que tenham se destacado por contribuições significativas para a gestão e aproveitamento racional e sustentável dos recursos hídricos; ‘Prêmio Melhor Pôster’, uma ação de reconhecimento e valorização dos melhores trabalhos apresentados no formato pôsteres durante o XXV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos; e o ‘Prêmio Jovem Pesquisador’, da Associação Brasileira de Recursos Hídricos, uma ação de reconhecimento e valorização de jovens talentos associados.

Fórum

Também durante o XXV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos será realizado o 1° Fórum Latino-Americano da Água, entre os dias 21 e 22 de novembro, uma iniciativa da Rede Latino Americana de organismos de Bacias Hidrográficas (Rebob), em parceria com Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRHidro), Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (Abas) e a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) e como principal apoiadora do evento a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). A expectativa do evento é agregar um amplo leque de instituições do setor de recursos hídricos dos 35 países que compõem a América Latina, incluindo gestores, técnicos, usuários, acadêmicos, indígenas, mulheres, jovens, empresários, legisladores, tomadores de decisão, comunicadores e, especialmente, representantes da sociedade civil.

 

Confira a programação completa do XXV SBRH no link.

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