Para muitas crianças da rede pública, a alimentação escolar é a principal refeição diária. Sobretudo diante da crise econômica, acentuada com a pandemia da covid-19, muitos pais e responsáveis ainda passam dificuldades para oferecer às suas crianças refeições substanciais e de qualidade. Diante disto, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed), trabalha para manter o padrão de qualidade da merenda escolar na rede municipal de ensino.
Proteínas, carboidratos, frutas e verduras compõem o cardápio de alimentos ofertados às crianças nas Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emef), de Educação Infantil (Emei) e creches. De acordo com a coordenadora de Alimentação Escolar e responsável técnica, Larissa Coelho, o cardápio é elaborado por ela, juntamente com outras cinco nutricionistas do quadro técnico, e é executado por uma empresa terceirizada.
“Esse cardápio é composto por alimentos regionais e que fazem parte do hábito alimentar da população aracajuana. Duas vezes por semana, ofertamos biscoito ou pão e, nos demais dias, o cardápio é composto por uma refeição mais completa, que inclui arroz, feijão, macarrão, cuscuz que é um alimento regional. Também temos a oferta de frutas, que é feita, obrigatoriamente, duas vezes na semana, lembrando que temos, ainda, as frutas da agricultura familiar, que é um extra no cardápio”, conta a coordenadora.
Ainda conforme Larissa, a alimentação escolar, em Aracaju, segue os padrões exigidos pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Em maio de 2020, o Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (CD/FNDE) aprovou uma nova resolução, com alterações de regras com relação ao atendimento da alimentação escolar, o que resultou em novos desafios para a Semed, no entanto, não impactaram na qualidade do serviço.
“Mesmo antes da nova resolução, nossos alimentos sempre tiveram qualidade, e ela se manteve. Fazemos cumprir a resolução e fiscalizamos todo o processo desde o controle de qualidade até mesmo o processo de higienização dos alimentos. Como nossa alimentação é terceirizada, temos um cardápio contratual, e realizamos a fiscalização para saber se o cardápio está sendo seguido, se os alimentos que compõem o cardápio são de qualidade”, garante Larissa.
Desafios
Ainda conforme a coordenadora, para garantir a qualidade e a segurança alimentar dos alunos nas escolas e creches, a Semed, por meio da coordenação de alimentos, enfrenta uma série de desafios, sobretudo após a atualização da Resolução nº 6, de 8 de maio de 2020, que acarretou numa série de mudanças bruscas nos cardápios.
“O cardápio da creche foi o mais impactado. Por exemplo, foi retirado o açúcar. Antes, ofertamos mingau, que é regional e cultural. Mas, por conta da resolução, precisamos fazer uma alteração no cardápio e, ainda, é um desafio fazer com que esse cardápio seja muito bem aceito pelas crianças, em virtude de um hábito anterior, que tinha a presença do açúcar. A gente faz o possível para atender a totalidade. Mas sabemos que sempre vai ter um outro aluno que não vai gostar de determinada preparação”, explica a coordenadora.
Outro desafio é conscientizar pais e responsáveis de não enviarem outros lanches, principalmente industrializados, para as suas crianças.
“Já conseguimos fazer reunião com alguns pais conscientizando, informando que a retirada de alguns itens do cardápio se deu em virtude do número de crianças que estão apresentando doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, algo que não se via antigamente e, agora, vem crescendo cada vez mais. Como trabalhamos com prevenção, o nosso cardápio vem atendendo a resolução no sentido de prevenção de doenças, e de educar o paladar das crianças. Mas, fazer os pais entenderem essas mudanças, também é um desafio”, reitera Larissa.
“A escola já oferta a merenda como uma forma de nutrir o aluno, servindo alimentos de qualidade e também como uma forma de economia para os pais, que aí eles não precisam gastar dinheiro com alimentação extra”, acrescenta a coordenadora.
Cuidado no preparo
Todas as escolas municipais de Aracaju, bem como as creches, possuem equipamentos e aparatos suficientes para a preparação dos alimentos, que são feitos por turno. A merendeira da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Dom José Vicente Távora, Maria Alves, conta que o trabalho começa às 7h, para que os alimentos comecem a ser servidos a partir das 9h.
“Alguns dias na semana, oferecemos feijão, arroz e frango, em outros, carne, macarrão, suco. Todo dia tem um cardápio diferente que vem para o mês inteiro. Cada dia tem o café da manhã e almoço. Temos todas as verduras, frutas como banana, maçã, laranja. Todos os dias uma coisa diferente. Nunca é a mesma coisa. E tudo é muito bem cuidado e bem feito para as crianças”, conta a merendeira.
A diretora da escola, Silvia Falcão, explica sobre a importância de se ter uma alimentação de qualidade nas escolas, a fim de garantir um melhor aproveitamento pedagógico das crianças.
“Um aluno bem alimentado é um aluno que aprende melhor e isso é, sem dúvida, o principal valor da merenda escolar. Além do seu valor nutricional, da importância de desenvolver hábitos alimentares saudáveis para a criança, de mantê-la nutrida porque uma criança bem alimentada vai ter um melhor aproveitamento pedagógico. A escola tem uma cozinha completa para o preparo dos alimentos com qualidade e as merendeiras passam sempre por treinamentos”, afirma Silvia.
Foto: Marcelle Cristinne