Quando as aulas presenciais da rede municipal de ensino retornaram, após 18 meses de isolamento social por causa da pandemia da covid-19, a Secretaria Municipal da Educação (Semed) constatou o déficit de aprendizado de parte significativa dos alunos, em especial nos alunos dos anos iniciais, quando o contato em sala de aula é fundamental para a socialização e para a alfabetização.
Ao identificar esse déficit, atendendo, também, ao apelo feito pelos pais dos alunos, a equipe técnica da Semed elaborou uma série de ações pedagógicas articuladas para garantir a recomposição do aprendizado. Uma dessas iniciativas foi o Educaju, que oferece material pedagógico complementar para todo o Ensino Fundamental.
Com o acompanhamento de avaliações periódicas, o processo de recomposição da aprendizagem já apresenta resultados significativos ao longo do primeiro semestre. Em março, quando foi aplicada a primeira prova de leitura, 33,25% dos alunos do 2º ao 5º ano não estavam alfabetizados. Na segunda avaliação de fluência leitora, aplicada entre os dias 11 e 15 de julho, esse índice caiu para 20,8%, o que representa um aumento de 37,5% no índice de alunos alfabetizados. Quando considerado apenas o 2º ano, 56% dos estudantes não eram leitores. Em apenas dois meses, esse índice caiu para 35,50%.
O resultado da prova de avaliação de leitura é classificado em seis níveis: não leitor, leitor de sílabas, leitor de palavras, leitor de frases, leitor de texto sem fluência e leitor de texto com fluência. Ao passo que o nível de não leitores diminuiu, mais alunos alcançaram o nível de leitor fluente. Na primeira avaliação, eles representavam pouco mais de 27%, agora, são 29,80%, o que representa um aumento de 9,2% daqueles que chegaram ao melhor índice de fluência.
Resultados reais
O sucesso do Educaju, na avaliação de Ricardo Abreu, secretário municipal da Educação, é resultado da junção de um programa pedagógico forte, coeso e eficaz, com o Planejamento Estratégico, que é uma importante ferramenta de gestão. “Essa simbiose tem sido fundamental para que estejamos colhendo os primeiros frutos, e para que possamos chegar no final do ano tendo a clareza dos objetivos que conseguimos alcançar”, comenta.
A ligação do Educaju com o Planejamento Estratégico possibilitou que todos os gestores implicados no processo, do prefeito ao professor em sala de aula, possam acompanhar, em tempo reduzido, a evolução dos estudantes. Possibilitando o atendimento diferenciado àqueles alunos que apresentaram maior déficit de aprendizado.
“O Educaju é um grande programa, composto por uma série de ações. Desde atividades de natureza de gestão, para elaborar, imprimir e distribuir o material do Educaju; até iniciativas de natureza administrativa e orçamentária; contando ainda com o acompanhamento pedagógico das ações desenvolvidas. Tudo isso é muito complexo, por isso a ferramenta de gestão do Planejamento Estratégico foi fundamental para garantir a efetividade do programa”, considera Ricardo.
Gestão da educação
O coordenador do Planejamento Estratégico de Aracaju, Wilson Amaral, detalha que o Educaju está alinhado ao projeto oito do Planejamento Estratégico, que tem como objetivo principal a melhoria do aprendizado na rede municipal. “Com a pandemia da covid-19, algumas metas foram remodeladas, para que pudéssemos fazer a recuperação do aprendizado durante o período remoto. Assim foi idealizado o Educaju”, recorda.
Pela metodologia que foi adotada no Planejamento Estratégico, a gestão é feita a partir de pontos de controle, que direcionam as ações que devem ser executadas para cumprir as metas e alcançar os objetivos, possibilitando um monitoramento constante do processo.
“A educação de Aracaju vive, hoje, seu melhor momento com esse projeto. É impressionante acompanhar os efeitos positivos na vida dos alunos. Os professores estão muito engajados, o material utilizado é muito bom, os alunos estão absorvendo a metodologia de forma muito fácil, e tudo isso realmente está fazendo toda a diferença. Tínhamos alunos que não sabiam ler e, agora, estão praticando a leitura como resultado desse processo”, relata Wilson.
Mudança de realidade
O secretário municipal da Educação comenta que houve um grande clamor da população para que as instituições escolares apresentassem propostas de recomposição da aprendizagem dos estudantes, que ficaram praticamente dois anos em um regime de ensino remoto.
“O cenário que encontramos foi de um índice significativo de alunos com déficit de aprendizado, principalmente na alfabetização e no letramento matemático básico”, relata Ricardo.
Após as fases operacionais, começou a implantação do Educaju nas escolas, dando início à etapa de acompanhamento das ações em todas as escolas de ensino fundamental. A cada bimestre, os alunos recebem um novo livro, para avançar na recomposição da aprendizagem. “Nossa meta é apresentar para a sociedade aracajuana um quantitativo próximo de zero desses alunos com algum déficit de leitura e do letramento matemático”, reforça Ricardo.
Coordenadora do Ensino Fundamental do Departamento de Educação Básica da Semed, Patrícia Tavares, destaca que o material do Educaju teve uma aceitação muito grande pelas equipes pedagógicas das escolas, pelos professores, pelos pais e pelos próprios alunos. “O Educaju oferece um material complementar ao livro didático, mas temos percebido que o uso tem sido muito efetivo, pela aceitação e pela facilidade de trabalhar com ele”, observa.
A coordenadora salienta que o Educaju é um programa completo, baseado em três pilares: a oferta do material didático bem estruturado, facilitando o desenvolvimento das aulas; a formação continuada dos professores para utilização desse material; e um efetivo acompanhamento da execução do programa nas escolas, junto aos gestores das unidades.
“O Educaju tem contribuído bastante para o fortalecimento da recomposição do aprendizado. Nas avaliações que temos feito, é possível observar o desenvolvimento dos alunos, que estão avançando de forma significativa no letramento matemático e alfabético”, comemora Patrícia.
As ações do Educaju já estão refletindo diretamente na redução do quantitativo de alunos com déficit na alfabetização e no letramento matemático, em especial daqueles alunos que estão fora da idade série.
“Para nós, é uma alegria muito grande perceber os resultados desse trabalho coletivo que estamos fazendo com o Educaju”, enfatiza Ricardo Abreu.
Foto:André Moreira