A probabilidade de conhecer alguém que está ou esteve tossindo nos últimos tempos é grande, e a reclamação tem sido a mesma: tosse excessiva que provoca desconforto e preocupação. Esse sintoma persistente tem feito aumentar as buscas por atendimento médico na rede municipal de saúde que registrou, em média, quase dois mil atendimentos para síndrome gripal nas últimas seis semanas.
Acontece que nem toda tosse deve ser considerada como um problema grave de saúde, sem que haja, assim, a necessidade de buscar, imediatamente, atendimento médico, mas, ao mesmo tempo, é uma patologia que não pode ser ignorada, principalmente quando persiste por mais de três dias e vem acompanhada de outros sintomas.
O cuidado inicial deve ser tomado pelo próprio indivíduo que se encontra com o sintoma, já que cabe a ele observar a recorrência e se ocorre a progressão da tosse seca para a produtiva, por exemplo, que é aquela acompanhada de secreção.
“A tosse é um dos sintomas comuns das doenças respiratórias, mas também podem apontar outros problemas, como o refluxo. No entanto, com o momento atual, uma das principais recorrências são as tosses pós-viral, que têm acometido não só pessoas que tiveram influenza, como também aquelas que tiveram covid”, explica a médica pneumologista, Anaelze Tojal.
Ainda de acordo com ela, “pode ser o sintoma que surge depois de uma gripe, depois de um contato com alguma substância ou alguma coisa que não era habitualmente do dia a dia, como a fumaça do período junino que passamos", mas enfatizou que, “em caso de persistência dos sintomas, é necessário buscar atendimento médico”.
Tosse e covid-19
Outro fato importante mencionado pela profissional é a necessidade de testagem das pessoas que estão com o sintoma, já que o vírus da covid-19 continua circulando, sendo a vacina um instrumento fundamental para evitar o agravamento da doença e diminuir a proliferação desta patologia. Apesar disso, de acordo com Anaelze, ultimamente, a população tem minimizado os riscos da covid-19 e tratado todos os sintomas gripais de forma banalizada.
“A covid é um grande vilão nessa situação, pois o período pós-contaminação vem com tosse muito persistente e é um sintoma que perdura por muito tempo, mas as pessoas estão desacreditadas de que essa doença ainda existe e acabam deixando de ter alguns cuidados. Vemos muitos quadros que começam com o acometimento das vias aéreas superiores, com essas novas variantes, por isso parece mais um quadro gripal, então as pessoas vão protelando e, quando procuram o serviço de saúde, já passou do período de testar a doença”, afirma a médica.
Além da vacinação, vale ressaltar a importância e necessidade das pessoas permanecerem utilizando máscara em locais públicos, quando apresentarem sintomas gripais, com o intuito de prevenir e reduzir a possibilidade de contaminar outras pessoas, existindo a hipótese do sintoma tosse ter sido provocado por conta de uma possível infecção com o vírus transmissor da covid-19, assim como de prevenir, também, a proliferação de outras síndromes gripais causadas por demais vírus.
Automedicamentos e outras doenças
Levando em conta que, neste período, o paciente tem apresentado apenas a tosse, sem estar acompanhada, necessariamente, por outros sintomas, como a febre, há quem acabe se medicando por conta própria, com o intuito de acabar com o sintoma e, consequentemente, o incômodo provocado por ele. No entanto, o uso de antibióticos, corticóides e xaropes em excesso e sem prescrição médica, pode provocar danos à saúde a longo prazo, já que a tosse persistente pode estar associada a outras doenças.
“A gente lembra que outras doenças também podem causar a tosse persistente, que são quadros infecciosos, como a tuberculose. Esse sintoma pode ser, ainda, tanto de doenças respiratórias como de outras doenças. Além disso, neste período do ano costumam se intensificar os quadros de alergias como a rinite, rinossinusite, os problemas com asma, as bronquites infecciosas entre outras. Por isso, orientamos que o paciente com tosse permanente procure atendimento médico”, destaca.
Atendimento
Qualquer médico da rede municipal de saúde é capaz de identificar, inicialmente, pelo menos uma causa da tosse e, caso conclua que é preciso uma avaliação especializada sobre o caso, encaminha o paciente para atendimento no Centro de Especialidades Médicas de Aracaju (Cemar), onde um outro profissional dará um diagnóstico mais preciso do sintoma.
O atendimento de casos de síndromes gripais continua sendo ofertado na rede de saúde de Aracaju, que conta com as 45 Unidades Básicas de Saúde (UBSs), o Centro de Atendimento e Triagem a Síndrome Gripal, atendendo crianças e adultos, e as urgências municipais dos hospitais Fernando Franco e Nestor Piva.
Foto: Marcelle Cristinne