Entre os serviços socioassistenciais ofertados para a população em situação de vulnerabilidade de Aracaju, por meio do programa “Assistência Social Presente”, realizado pela Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria Municipal de Assistência Social, está o atendimento especializado para a mulher. A busca ativa realizada no escritório móvel, dentro de um ônibus equipado, também tem a preocupação de identificar possíveis mulheres em situação de violência doméstica.
Assim como os programas e projetos ofertados pelos Centros de Referência da Assistência Social (Cras), pelos Centros de Referência Especializados da Assistência Social (Creas), e das Políticas de Habitação e de Transferência de Renda, a Coordenadoria de Políticas para Mulheres (CPM) também integra o projeto.
De acordo com a vice-presidente do Conselho Municipal da Mulher e coordenadora de Políticas para Mulheres da Assistência Social de Aracaju, Edlaine Sena, durante o atendimento, os profissionais visam identificar mulheres que possam estar em situação de violência por meio de uma escuta qualificada, para, assim, poder realizar a devida orientação sobre os direitos que as cercam.
“Utilizamos o espaço do ônibus, onde estão acontecendo diversos atendimentos, para, no momento de espera, levar algumas informações. O nosso foco é trabalhar na busca ativa de casos que não são denunciados, que ficam em sigilo. Como já trabalhamos com essa observação e escuta qualificada, até mesmo por um olhar já conseguimos perceber algo diferente, um sinal. É um procedimento para levar um serviço mais perto das mulheres porque a violência doméstica acontece dentro do domicílio, então a mulher fica muito ocultada”, explica a coordenadora.
Para a coordenadora, o serviço tem grande importância, sobretudo pelo fato de poder levar para as comunidades mais carentes o conhecimento acerca de várias questões, como no caso das mulheres, com relação às medidas protetivas de urgência.
“As mulheres querem denunciar, só que elas não são encorajadas para isso, seja pela falta de apoio familiar ou social. Então, trabalhamos, também, nessa perspectiva de fortalecimento da rede de apoio. Levar informação para a sociedade no sentido de que, mesmo que você não conheça ou não passe por essa situação, você pode apoiar uma mulher decidida a denunciar. A denúncia é o processo final. No entanto, tentamos chegar antes que a situação de violência chegue tão severamente, levando informações a respeito da identificação", acrescenta Edlaine.
O serviço conta ainda com o Violentômetro, uma ferramenta para medir a violência sofrida pela mulher, identificando, assim, se está no início ou em algum estágio já avançado. “Com as adolescentes, por exemplo, conversamos utilizando o violentômetro, para mostrar que um tapa fraco, empurrão, ou até mesmo a posse do celular, já é indício de uma relação abusiva, e se continuar, poderá se tornar uma relação violenta”, disse Edlaine.
Um dos principais objetivos do Assistência Social Presente é reaproximar as mulheres do serviço público, dando oportunidades para que possam conversar e se abrir, já que, com a pandemia da covid-19 e o isolamento social, muitas acabaram sozinhas nesta jornada. “Acabou acontecendo um desserviço daquilo que já vínhamos caminhando, por causa da pandemia. Claro que foi uma medida extremamente necessária por conta da saúde, mas, existem muitas questões, tanto de crianças e adolescentes, como mulheres, que estão em situações difíceis, portanto precisamos retomar essa aproximação”, destaca a coordenadora.
O projeto Assistência Social Presente já percorreu diversos bairros, como Santa Maria, Santos Dumont, Japãozinho, Jardim Centenário, Areia Branca e Mosqueiro. Diversas situações puderam ser identificadas, segundo aponta a coordenadora Edlaine Sena, como relatos de violação de medidas protetivas. Em parceria com o serviço do Creas no ônibus, mulheres em situação de violência recebem, ali mesmo, atendimento psicossocial.
“Trabalhamos para o fortalecimento da denúncia porque dependemos dela para poder agir em algumas situações. Ocorrendo um caso concreto, encaminhamos a mulher para o órgão competente e, se possível, levamos essa mulher na delegacia, para que ela consolide a denúncia”, reitera Edlaine.
Homens também são alvo do trabalho realizado pela Coordenadoria de Políticas para Mulheres. Segundo Edlaine, muitos demonstram curiosidade sobre o assunto e expõem dúvidas de como agir com familiares que passam por violência.
“Muitos não entendem o porquê das mulheres não romperem com os companheiros que as violentam. Por isso, fazemos esse diálogo e tiramos todas as dúvidas. O nosso serviço é para toda a comunidade. Trabalhamos com a sensibilização geral”, destaca a coordenadora.
O veículo utilizado pelo projeto da ‘Assistência Social Presente’ foi cedido pelo Ministério Público Estadual de Sergipe, numa parceria firmada com a gestão municipal e serve como escritório móvel para os projetos executados pela Prefeitura em convênio com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Foto: Sérgio Silva