No final de março e início de abril, chuvas de grande intensidade caíram sobre Aracaju. Entre domingo, 27 de março, e sábado, 3 de abril, 176 milímetros (mm) foram registrados, superando a previsão para todo o terceiro mês do ano, o que gerou transtornos, como alagamentos e inundações. Já no mês de abril, até o momento, choveu 171mm, sendo a média histórica de 204mm.
No entanto, o trabalho integrado entre órgãos municipais, sob a influência da Secretaria Municipal da Defesa Social e da Cidadania (Semdec), seguindo o Plano de Contingência, garantiu uma recuperação rápida, através do escoamento da água, regularização do trânsito e auxílio às comunidades, demonstrando a resiliência da cidade e seu preparo para esse tipo de circunstância climática.
As ações de enfrentamento às dificuldades criadas pelas chuvas de maior intensidade são discutidas pelo Comitê de Gerenciamento de Crise, que conta com a participação da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb), Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb), Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) e Secretaria Municipal da Assistência Social, além da Semdec.
O Comitê foi responsável pela criação do Plano de Contingência, com o objetivo de traçar estratégias de prevenção e resposta rápida aos eventos.
“O trabalho integrado faz com que a gente minimize os impactos causados pelas chuvas. Nós garantimos auxílio. As pessoas sabem que serão atendidas, que a Prefeitura está atenta, através de seus órgãos, acolhendo-as e dando o suporte necessário. Sem esse trabalho preventivo, e esse esforço coletivo, estratégico, a situação poderia ser muito mais difícil, com o sofrimento das comunidades acentuado”, aponta o secretário da Defesa Social e Cidadania e coordenador da Defesa Civil, major Silvio Prado.
O objetivo primordial é impedir o risco à vida dos aracajuanos, assim, é fundamental ter o máximo de informações possíveis em relação ao clima, bem como manter um mapeamento das áreas com histórico de dificuldades.
Há 18 pluviômetros espalhados pela cidade, o que permite medir a incidência da chuva com bastante precisão e por todo o território da capital. O trabalho preventivo dialoga com isso, as equipes são deslocadas e preparadas de acordo com esses dados.
Além disso, os técnicos da Defesa Civil mantêm um mapeamento das principais áreas de risco da cidade, onde, inclusive, foram instituídos desde 2017 os Núcleos Comunitários de Defesa Civil (Nudec’s). Eles são formados por moradores desses mesmos locais, que recebem treinamento desde 2017 para atuar em circunstâncias adversas, reduzindo significativamente o tempo de reação da administração municipal.
O trabalho preventivo também é imprescindível para que as ocorrências não surjam em maior número e gravidade. Diariamente, as equipes da Emsurb são mobilizadas para a manutenção da limpeza da cidade. São mais de 1.300 agentes responsáveis pela coleta de lixo domiciliar, coleta seletiva, cata-treco, limpeza de ruas e avenidas, limpeza de canais e manutenção de áreas verdes. A prestação do serviço sem interrupções, retirando em média quase 17.000 toneladas de lixo por mês, números relativos à 2021, ajuda a evitar transtornos para o município.
Concomitantemente ao serviço de limpeza rotineiro, a Emurb atua para a desobstrução de bueiros, de forma a possibilitar maior escoamento da água, o que permite que a capital retorne à condição de “normalidade”, em média após 30 minutos ou uma hora depois do fim das chuvas.
Entendendo a chuva
Ainda que o mês de março marque o início da chamada “quadra chuvosa de Aracaju”, época do ano em que as precipitações são mais comuns e intensas, até o dia 31 desse mês choveu 340 mm, sendo que o previsto na média histórica era 150 mm, ou seja, foi registrado mais que o dobro do esperado para o mês, baseado na média dos últimos três anos.
Apenas no domingo, 27, 91 mm de chuva caíram sobre a cidade, mais da metade do que se projetava para o mês todo. Na sexta-feira, 1° de abril, mais 85mm foram registrados, de maneira que em seis horas de precipitação um terço do esperado para o mês todo atingiu a cidade.
Em ambos os casos a incidência foi maior na região centro-norte da cidade, assim 29 das 30 ocorrências foram registradas nesta parte da cidade. Nenhum dos casos foi grave e o único chamado na zona sul foi no bairro Areia Branca, naquela ocasião.
“O mais importante é como essa chuva será distribuída ao longo do mês. Os problemas surgem quando a intensidade da precipitação, a velocidade da chuva é maior do que a velocidade de drenagem da água, o que gera um acumulado, que pode causar alagamentos e inundações. Veja, 100 mm de chuva é o equivalente a 100 litros de água por metro quadrado na região, ou 10 cm de lâmina d’água. Como no relevo da cidade há regiões mais altas que outras, obviamente essa água vai descer para a área mais baixa, o que a concentra, aumentando seu volume a ponto de fazê-la invadir os espaços”, explica o major Silvio Prado.
Como saber com exatidão onde a incidência será maior, ou a quantidade exata que cairá em cada dia é impossível, uma vez que a previsão não trata de uma distribuição homogênea das chuvas, a administração municipal busca, para além dos serviços de prevenção, aumentar a velocidade de resposta aos eventos.
Uma dessas medidas foi a criação do número emergencial 199, que funciona 24 horas, e permite o contato direto com a Defesa Civil de Aracaju. Desta maneira, é possível acionar a gestão para riscos de desabamento, inclinação de árvores e postes, indícios de movimentação de terra em áreas de morros e encostas, entre outras coisas.
A execução do planejamento de forma coordenada é o aspecto fundamental para evitar a acentuação dos prejuízos. Os diversos setores envolvidos mantém contato, dando agilidade às demandas. Por exemplo, se um caminhão de drenagem está sendo utilizado para acelerar o escoamento, os funcionários da Emsurb e Emurb ajudam com a limpeza dos bueiros e encostas, assim como os agentes de trânsito, vinculados à SMTT, controlam e distribuem o tráfego.
O cuidado e o esforço conjunto são dedicados a todos, por toda a cidade, seja reparando semáforos danificados, ou mesmo realocando famílias de áreas de risco para os Centros de Referência de Assistência Social (Cras). Desta forma, a Prefeitura de Aracaju mostra que está atenta, ao lado da população, no enfrentamento das adversidades, executando uma estratégia de proteção, garantido a resiliência da capital.
