Após decisão do grupo liderado pelo governador Belivaldo Chagas indicando o deputado federal Fábio Mitidieri para disputar a eleição na vaga de governador só se falou e, ou tentou imputar uma ruptura entre o pré-candidato anunciado e o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira.
É bem óbvio que todos os pretendentes que se encontravam na reunião decisiva gostariam de ser o anunciado pelo grupo, porém, apesar de se apresentar com pesquisas lhe apontando como favorito e mais competitivo, Edvaldo não tinha, e não teve força suficiente para desbancar a lógica que se desenhava já há algum tempo dentro do ambiente da base governista, que era a candidatura do deputado federal Fábio Mitidieri.
As declarações do prefeito da capital pós anúncio fizeram desconfiar que ele seria um dissidente na caminhada em apoio ao candidato escolhido, ainda mais quando se coloca como preterido no processo da escolha, pois, como já citado, chegou na reunião com todos os cenários de pesquisas realizadas lhe favorecendo.
Contrariedade? Quem nunca?
A reação de Edvaldo deve ser considerada como natural, ainda mais quando faz declarações instantes depois de "perder" a parada. A contrariedade é flagrante, embora já tivesse conhecimento que sua pretensão seria difícil de emplacar, até mesmo pela ausência de movimentações prévias dentro do próprio grupo, onde a maioria reconhece sua capacidade administrativa na condução da prefeitura da capital, mas lhe criticam na relação política.
Outro fator que deve ser levado em consideração é a condução do processo de arrumação do grupo liderado pelo governador, o que é natural, e como se diz no futebol: "o mando de campo em 2022 é de Belivaldo". Sempre foi assim. Não tenho lembrança de um mandatário do poder executivo ter passado o bastão para que outro conduzisse. Até mesmo a renúncia do ex-governador Jackson Barreto quando entregou o governo para Belivaldo se deu de caso pensado, depois de exaustivas tratativas com o grupo até definir que ele seria candidato a senador e Chagas o candidato do grupo numa candidatura à reeleição. Fato.
Depois de bem refletir, o prefeito continuará empenhado em cuidar de Aracaju, como já vem fazendo, mas acredito que deverá se engajar na eleição do candidato do seu grupo, e pavimentar seu caminho do futuro com mais força, sem correr o risco de um isolamento político. 2024 é logo ali, e quando ele chegar, Edvaldo estará no comando da prefeitura da capital, e também da sucessão, pois o "mando de campo" será seu.
A receita é simples e o próprio Edvaldo está testemunhando na pessoa do governador que é possível formar grupo, se relacionar e fortalecer projetos coletivos que um dia também já lhe favoreceu. Até chegar na candidatura de vice-prefeito de Deda, Edvaldo sempre foi coadjuvante do Partido dos Trabalhadores, da mesma forma como Belivaldo sempre foi "peça" de encaixe para as "jogadas" nas mesas de discussões do ex-governador Valadares.
A própria história registra o que os dois passaram depois de tomadas de decisões divergentes dos seus "ascendentes" - leia-se PT e Valadares" - referindo a Edvaldo e Belivaldo. O galeguinho de Simão Dias "apanhou" do ex-líder até quando o ex-senador sentiu firmeza na decisão que seu liderado havia tomado, e lhe definiu como: "pescoço grosso". É um termo bem usado pelos mais velhos quando entende que alguém está sendo desobediente às suas ordens. Belivaldo se manteve firme, e hoje é governador, além de liderar o processo de sua própria sucessão.
Com Edvaldo não foi diferente, e num passado bem mais recente. Estando prefeito e na possibilidade de disputar a reeleição, O PT entendeu que ele não deveria fazer isso, e se engajar numa candidatura petista, mesmo sendo bem avaliado diante dos pretendentes do PT a lhe suceder. Pronto, foi o fim. Edvaldo passou a não prestar, e foi a candidatura do partido de sua vice-prefeita, Eliane Aquino, que mais lhe deferiu "porradas", inclusive fora do eixo como deve ser uma disputa eleitoral, até sofrendo alguns "golpes" baixos dos ataques petista. Quem tem memória, lembra.
São essas experiências que devem provocar uma reflexão mais amadurecida da parte de Edvaldo Nogueira, e entender que sua participação efetiva na candidatura do escolhido pelo seu grupo não lhe fará governador agora, mas, pode lhe deixar muito fortalecido para os processos eleitorais seguintes, principalmente quando ele mesmo conduzirá sua sucessão.
Um afastamento e o cruzamento de braços de Edvaldo na campanha só é interessante para os que hoje não fazem parte do grupo da base do governo, e querem ver "fogo no parquinho".