O encontro que define palanques nacionais em Sergipe
A semana que passou foi de muito "barulho" depois que o governador Belivaldo Chagas se encontrou com o ex-presidente Lula em São Paulo. Todas as especulações possíveis e imagináveis correram os quatro cantos do estado, principalmente pelo fato da sigla petista ter um pré-candidato a governador praticamente definido, o senador Rogério Carvalho, que já está afastado da base aliada do governo desde quando se antecipou à decisão coletiva do agrupamento que já anda junto em algumas eleições passadas.
Os sinais dessa ruptura surgiram com o desembarque do PT na eleição de 2020, quando decidiram enfrentar o atual prefeito Edvaldo Nogueira na sua reeleição. A decisão não ficou apenas no desejo petista de ter uma candidatura própria. O candidato Márcio Macedo e outros que tiveram participações no programa eleitoral e entrevistas durante o período bateram duro, sendo entre todos os adversários de Edvaldo daquele pleito os mais virulentos no exercício da palavra.
As "pancadas" do PT recebidas por Edvaldo em 2020 foram além do debate político, inclusive alcançando alguns que estavam com seu projeto de reeleição, como o próprio governador Belivaldo que também recebeu alfinetadas no meio dos conteúdos publicizados nos programas do candidato petista. Em resumo: os piores venenos daquela eleição pela prefeitura da capital partiram dos ex-aliados do atual prefeito, o PT.
Com toda essa temperatura eleitoral no pleito municpal, o Partido dos Trabalhadores continuou na base do governo estadual, mantendo indicados da sigla em cargos estratégicos, porém, com data de validade definida, pois, logo adiante um novo embate já estava previsto, sobretudo com a eleição de Rogério para o senado, que lhe permite concorrer a sucessão de Belivaldo sem necessitar deixar o mandato que está.
E não é apenas o fato de disputar uma candidatura sem risco de perder o senado que faz de Rogério um candidato irreversível. O Partido dos Trabalhadores já não lidera um processo eleitoral em Sergipe desde a morte do ex-governador Marcelo Deda, portanto, a oito anos passados. Somando isso à euforia da candidatura de Lula a presidência da República, e o seu potencial de influência no eleitorado sergipano, é óbvio que Rogério não se permite deixar passar sobre qualquer hipótese essa "bola levantada". Não por menos que o senador foi dois dias depois do encontro entre Lula e Belivaldo passar a limpo as dúvidas que se estabeleceram, e arrancar do candidato a presidência pelo PT que em Sergipe seu palanque será o de Rogério Carvalho. Dito e feito.
Com um grupo bastante diversificado no que se refere às cúpulas nacionais de suas agremiações partidárias, Belivaldo tem as opções de Fábio Mitidieri e Ulices Andrade pelo PSD de Kassab, Edvaldo Nogueira do PDT de Ciro Gomes, e Laércio Oliveira do PP, super alinhado com o governo Bolsonaro. Daí, após decisão de qual desses nomes terá a "benção" do grupo governista, mais um palanque nacional será definido, e outras consequências podem ocorrer, dependendo da reação de cada um dos preteridos.
Ainda com amostras de coadjuvante, o PSD de Kassab tem no seu quadro à disposição o senador Rodrigo Pacheco, no entanto, flerta a favor e contra uma aproximação com o governo Bolsonaro, da mesma forma como faz com o ex-presidente Lula, isto é, uma verdadeira incógnita a condição de protagonista na disputa presidencial. Já Edvaldo que acaba de assumir o comando estadual do PDT em Sergipe certamente estará bancando o palanque de Ciro Gomes, o que torna o deputado federal Laércio Oliveira único para defender a reeleição do atual presidente da República, protagonizando o outro lado da polarização contra o ex-presidente Lula.
Caminhando por fora desse grupo, mas não tão distante, o ex-prefeito de Itabaiana, Valmir de Francisquinho que é do partido de Bolsonaro, PL, pode desembarcar no final desta semana com tudo muito bem definido a seu respeito, uma vez que tem agenda na capital federal, onde ouvirá todos os argumentos da cúpula nacional sobre os passos que devem ser dados para garantir o melhor palanque da caminhada de reeleição do atual presidente. Valmir se mostra disposto, porém, tem sido bastante precavido para tomada de sua decisão.
Com esse arco de possibilidades no entorno do governador Belivaldo, há quem especule que embora todo conteúdo do encontro com Lula não tenha sido revelado, existem apostas que o "galeguinho" foi esclarecer o cenário que pode ocorrer a partir da decisão do grupo, inclusive sobre a impossibilidade de estar no palanque dele, dependendo de quem seja o indicado para o governo do estado.
É também muito forte e possível que o PL de Bolsonaro, dependendo do extrato da conversa com Valmir de Francisquinho, submeta em Sergipe uma aliança com o PP de Laércio Oliveira, sendo este o candidato a governador e assim garanta o palanque da reeleição do atual presidente. Neste caso, Valmir poderia ser opção para a vaga do senado, deputado federal, e até estadual como ele mesmo declara em algumas entrevistas.
O certo é que Lula já tem palanque definido com a candidatura irreversível de Rogério Carvalho. Ciro Gomes contará com o prefeito de Aracaju Edvaldo Nogueira, sendo ou não candidato. O PSD ainda é dúvida sobre a candidatura de Rodrigo Pacheco, mas, acontecendo contará com parte do grupo do governador. E Bolsonaro entre Valmir de Francisquinho e Laércio Oliveira terá seu palanque montado em Sergipe, somado aos que independente de candidatura já estão na "vibe" de sua reeleição.
Zezinho Guimarães
O deputado estadual Zezinho Guimarães que deve se filiar no PL assim que tiver a janela partidária aberta, e está decidido disputar umas das oito vagas da Câmara Federal, está se articulando e consolidando apoios e alianças que lhe fazem bem colocado entre os que também pretendem essas vagas.
Zezinho Guimarães II
Na região sul do estado, onde o parlamentar já tem uma força estabelecida, novos apoios estão sendo fechados, e por lá seu crescimento na caminhada para Câmara Federal é bem comentado, e com apostas que deve ser eleito com boa votação nesta região.
Luciano Bispo vice
No grupo do governador Belivaldo Chagas o nome que trabalha e se dispõe para uma composição na chapa majoritária na vaga de vice é o atual deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa, Luciano Bispo. Ele não esconde seu desejo de ninguém, mas também se declara compreensivo se não for o escolhido, o que lhe torna ainda mais forte para a escolha.
Luciano Bispo e o MDB
Quem azedou um pouco o desejo de Luciano Bispo na condição de vice foi a cúpula estadual do MDB, onde o presidente da Alese ainda está filiado, quando declarou pretender que o partido tivesse no grupo do governo a indicação na vaga de vice e do senado com Jackson Barreto.
MDB esvaziado
Devido o processo de enfraquecimento da sigla a partir da eleição municipal passada, quando o MDB não conseguiu sequer formar uma chapa de vereador na capital, alguns "vizinhos" do mesmo grupo acharam interessante o pleito dos emedebistas, porém, questionaram com qual estatura ousam tantas vagas na composição de qualquer chapa majoritária.